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Novo guia informativo e suporte de comunicação orienta presos estrangeiros sobre questões relacionadas ao sistema prisional

Produzido em português e traduzido para outros cinco idiomas, o documento foi lançado nesta segunda-feira (11), em Porto Alegre

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O evento foi realizado no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre - Foto: Jurgen Mayrhofer/Ascom SSPS

Destinado a presos que tenham dificuldade para se comunicar na língua portuguesa, o governo do Estado, em parceria com outras instituições, lançou o Guia informativo e suporte de comunicação para pessoa estrangeira presa no Rio Grande do Sul. O documento, que foi traduzido para outros cinco idiomas, orienta sobre a rotina prisional, o funcionamento do sistema de justiça brasileiro e o acesso à rede assistencial. O evento foi realizado nesta segunda-feira (11), no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre. 

Em 2022, a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), a Superintendência dos Serviços eitenciários (Susepe), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Defensoria Pública do Estado (DPE/RS) formalizaram um protocolo de intenções para a execução de estudos voltados à implementação de um projeto de atenção à população estrangeira recolhida em estabelecimentos prisionais gaúchos. 

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O titular da SSPS, Luiz Henrique Viana, ressaltou que o desenvolvimento de uma ação como essa é fundamental para promover um melhor atendimento à população privada de liberdade. “Nós temos o dever, enquanto Estado, de fazer com que os estrangeiros que venham a integrar o sistema prisional possam ter a melhor condição de entender e conhecer o sistema e os seus direitos. O Rio Grande do Sul tem sido exemplo no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à população prisional, e essa é mais uma em prol da garantia de todos os direitos das pessoas sob custódia”, afirmou Viana.

A iniciativa surgiu a partir da necessidade de combater o desconhecimento dos apenados a respeito dos próprios direitos no sistema penal. Apesar de o problema atingir a população de modo geral, esse desconhecimento passa por especificidades quando se trata de pessoas estrangeiras encarceradas, que também têm como barreira a questão linguística.

O secretário adjunto de Sistemas Penal e Socioeducativo e um dos coordenadores do projeto, Cesar Kurtz, também participou do evento.

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“Esse guia vai proporcionar às pessoas privadas de liberdade maior acesso às políticas públicas e um tratamento penal mais adequado dentro dos estabelecimentos prisionais. A cada iniciativa implementada, impactamos não só no retorno mais digno dessas pessoas para a sociedade, mas também no reforço da segurança pública”, disse a diretora do Departamento de Tratamento Penal da Susepe, Rita Leonardi.

De acordo com dados de outubro de 2023, no sistema prisional gaúcho, há cerca de 140 pessoas privadas de liberdade oriundas de países como Uruguai, Paraguai, China, Haiti, Jordânia, África do Sul, Alemanha, Cuba, Senegal, Israel, Holanda e República Dominicana. 

Durante o desenvolvimento do projeto, por meio de entrevistas e atendimentos individualizados nas dez regiões penitenciárias da Susepe, uma equipe interdisciplinar identificou as principais carências do público-alvo. Esse trabalho resultou em um guia em português traduzido para os seguintes idiomas: crioulo haitiano, wollof, espanhol, inglês e francês. Todas as traduções foram feitas por pessoas estrangeiras.

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A dirigente do Núcleo de Defesa em Execução Penal (Nudep) da DPE/RS, Cíntia Luzzatto, destacou a importância de promover a educação sobre direitos para os apenados. “Nós temos procurado, desde que estamos à frente do Nudep, intermediar diversas questões para buscar a efetivação dos direitos que estão previstos na legislação e nos tratados internacionais. Esse projeto vai viabilizar a comunicação dessas pessoas, propiciando um melhor atendimento a elas.” 

O material foi elaborado por representantes de equipes técnicas da SSPS, da Susepe, do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre Migrações (Nepemigra) da UFRGS e do Nudep da DPE/RS. Todos os estabelecimentos prisionais que possuem apenados estrangeiros receberão o documento para facilitar a comunicação desse público com servidores penitenciários. 

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Para a coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira De Mello e professora adjunta do curso de Relações Internacionais da UFRGS, Pâmela Marconatto Marques, a participação de imigrantes na elaboração do guia foi essencial para produzir um material adequado. “É muito importante estarmos aqui para celebrar esse projeto interinstitucional que aconteceu com ampla e irrestrita participação da comunidade imigrante. Nós acreditamos que tudo que é feito sem os imigrantes pode ser usado contra eles em algum momento. Então, a ideia da participação da mediação intercultural foi algo que aconteceu desde o início. Isso diz muito sobre o tipo de ética de trabalho que permeia o que a gente constrói.” 

O guia é dividido em tópicos numerados, formados por diferentes questionamentos. Quando a pessoa privada de liberdade tiver alguma dúvida, poderá apontar para a pergunta no guia em sua língua nativa. O servidor penitenciário, baseado na numeração do questionamento, consultará no guia em português qual é a questão para auxiliar a pessoa. 

Clique aqui para conferir o guia.

Texto: Rafaela Pollacchinni/Ascom SSPS

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