A Secretaria de Justiça e dos Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), através da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), realizou, na tarde da última terça-feira (08), o lançamento da 5ª edição do livro “Vozes de um Tempo”. A cerimônia aconteceu no Espaço Jovem Petrobrás, na Praça Alfândega, e contou com a presença de quatro apenados autores para uma sessão de autógrafos.

O evento faz parte do projeto Passaporte para o Futuro, realizado em parceria com o Banco de Livros da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais. A obra conta com 159 produções (dentre textos e ilustrações) de 139 autores diferentes, selecionadas de um total de 465 feitas por apenados de todas as regiões penitenciárias do Estado. Cerca de 30% do conteúdo do livro foi feito por mulheres presas.

Durante a cerimônia, a diretora do Departamento de Políticas Penais (DPP) da SJSPS, Lea Duarte, que esteve representando o secretário da pasta, Mauro Hauschild, parabenizou os apenados e destacou a importância da iniciativa. “As obras apresentadas no livro nos trazem o retrato das almas com as quais nós convivemos neste universo do sistema prisional. Todos ansiamos pelos mesmos propósitos de paz e de uma consciência tranquila”, disse. 

O diretor do Departamento de Tratamento Penal (DTP) da Susepe, Cristian Colovini, participou do evento como representante do superintendente da Susepe e aproveitou o momento para destacar a importância da educação e do incentivo à leitura nas unidades prisionais.

“Esse projeto vai muito além da remição da pena e da produção de um livro. É também uma forma de estimular os outros apenados, porque eles terão a oportunidade de ler a obra nas salas de leitura sabendo que ela foi produzida por alguém que está na mesma situação que a sua”, afirmou.

De acordo com ele, ainda, o lançamento do livro é motivo de orgulho para as famílias dos apenados, que podem ver um pouco do trabalho que têm sido realizado durante o cumprimento da pena.

No final do evento, um dos apenados tomou a palavra e falou um pouco sobre a experiência de participar da produção do livro. Segundo ele, a obra apresenta escritas que representam um pequeno pedaço da história de cada um, mas que vieram do fundo do coração.

“A literatura é uma ferramenta muito importante, porque nos traz pra realidade. Com ela, por mais que tenhamos cometido um delito, temos chance de nos reorganizarmos e nos reestruturarmos, podendo começar de novo e não olhar lá pra trás”, salientou.

Também estiveram presentes no evento o presidente da Câmara Rio-grandense do Livro, Maximiliano Ledur, a professora e doutora em Ciências Criminais, Simone Schroeder, e o presidente do Banco de Livros da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, Waldir da Silveira. As obras, agora, devem ser distribuídas gratuitamente para todos os estabelecimentos prisionais do Estado, além de serem entregues a universidades e juízes.