Programa Primeira Infância Melhor realiza oficina no Presídio Madre Pelletier
A ação ocorre quinzenalmente na unidade e oferece um espaço de acolhimento e conscientização às gestantes
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O programa Primeira Infância Melhor (PIM) promoveu a última oficina do ano para gestantes e mães em situação de privação de liberdade, nesta quinta-feira (12/12), na Unidade Materno Infantil do Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre. O PIM é uma ação do governo do Estado, que apoia famílias na promoção do desenvolvimento integral das crianças, desde a gestação até os seis anos.
O programa, gerido pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), realiza oficinas quinzenais no Madre Pelletier desde 2009 com o apoio da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo e da Polícia Penal, por meio do Departamento de Tratamento Penal (DTP). O foco é o atendimento à família extensa - crianças, cujos pais estão detidos - mães e gestantes privadas de liberdade.
Para Carolina Drügg, diretora adjunta do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde (DAPPS/SES), o trabalho realizado promove a conscientização e o fortalecimento da conexão emocional entre mãe e bebê. “Por meio da parceria com a SSPS e a Polícia Penal, desenvolvemos oficinas com mulheres e crianças que estão na Unidade Materno Infantil para trazer bem-estar, cuidado, amorosidade e um olhar de afeto, para que elas também possam construir esses vínculos com seus filhos e se sentirem melhores durante o processo de gestação e de cuidado no primeiro ano de vida dos seus bebês”, explicou.
Quatro mulheres participaram da atividade, que propôs a redescoberta da infância por meio de brincadeiras em grupo que aguçam a memória, gerando uma conexão de sentimentos entre as participantes. O educador social e arte educador Maurício Alves conduziu as ações que incluíram uma roda de conversa, contação de histórias e dinâmicas em grupo, como jogos.
Flora*, que é mãe de uma menina e está à espera de seu segundo filho, já participava das oficinas do PIM, onde aprendeu atividades e jogos que podem ser aproveitados com seus filhos. Para ela, as atividades trazem de volta memórias afetivas. “As brincadeiras que fizemos me lembraram da época da escola, como o jogo de argolas que sempre tinha nas festas juninas. É uma coisa boa eles virem aqui, porque a gente se distrai, se diverte, passa melhor o tempo e sai da nossa rotina”, afirmou.
Segundo dados de dezembro deste ano, do painel que detalha o perfil das mulheres privadas de liberdade, o Rio Grande do Sul possui 2.920 mulheres presas, das quais 80,5% são mães (2.351), enquanto 33 apenadas são gestantes. Neste sentido, iniciativas do PIM e projetos desenvolvidos pelo Programa Primeira Infância RS no contexto prisional, como as calçadas brincantes, ampliam o atendimento e a atenção às famílias que ingressam em unidades nos dias de visita.
Ao final da programação, a equipe distribuiu livros infantis para as apenadas e réguas para medição dos bebês, ferramentas que incentivam o contato das mães com a literatura e com o acompanhamento do crescimento dos recém-nascidos. O Departamento de Políticas Penais (DPP) também presenteou as futuras mães com bonecas de pano confeccionadas por apenadas do Presídio Estadual de Lajeado.
A diretora do DPP, Cátia Lara Martins, destacou a relevância de momentos de conexão com o outro por meio de dinâmicas que permitem que cada pessoa privada de liberdade expresse seus sentimentos em um espaço seguro. “Essa oficina foi muito importante, porque todos conseguiram se desconectar um pouco e se conectar com o mundo da brincadeira, que reverbera no nosso dia a dia. E para o próximo ano, nós queremos fomentar, ainda mais, essas oficinas, para que possamos trabalhar, através da arte, as dores”, ressaltou.
*O nome da apenada foi alterado para preservar sua identidade
Vitória Garcia sob supervisão de Sue Gotardo