Foi realizado na tarde desta quinta-feira, 7, na Praça de Autógrafos, dentro da programação da 65ª Feira do Livro de Porto Alegre, o lançamento da publicação Vozes de um Tempo. A obra reúne textos escritos por pessoas privadas de liberdade, que se encontram em diversas unidades no sistema prisional gaúcho.

Este é o quarto volume da publicação, que procura atender a diretrizes básicas do tratamento penal, que são a inclusão social e a construção de espaços de cidadania. No lançamento, cinco autores estiveram presentes, como a detetenta L.Q.D., que afirmou "estar muito surpresa por saber que seu texto, que expressa a sua vivência, tenha feito parte do livro".

Presente na mesa de lançamento, Sandro Oliveira, Diretor de Políticas Públicas da Secretaria da Administração Penitenciária, que representava o secretário Cesar Faccioli no evento, afirmou: "este é um momento de reflexão sobre os valores da expressão da escrita, mas, além disso, de reconhecer e valorizar publicamente os nossos reeducandos, dando a certeza a eles de  que podem seguir um caminho melhor".

Segundo Adriana Feijó, diretora do DTP, que representava o Superintendente da Susepe, César da Veiga, "é uma honra e prazer estar lançando aqui uma produção que acontece dentro do cárcere, expressando um momento criativo e libertador".

A publicação do livro é um desdobramento do Projeto Passaporte para o Futuro, desenvolvido pela Susepe em parceria com o Banco de Livros, que visa implantar espaços de leitura nas unidades prisionais do RS, ofertando às pessoas privadas de liberdade livros dos mais diversos gêneros e estimulando a prática da leitura e a produção de textos.

Valdir da Silveira, presidente do Banco de Livros da FIERGS, afirmou que "em 10 anos de existência do Banco, já distribuímos 150 mil livros para 99 unidades prisionais do Estado". Segundo ele, isso comprova "a importância da leitura e da produção de escrita para a construção de um cidadão melhor".

Já Simone Schroeder, professora voluntária do Projeto e Coordenadora do projeto Balcão da Cidadania - Mulheres e Acesso à Justiça, encerrou a abertura do vento afirmando que "o lançamento do livro Vozes de um tempo pode ser o prenúncio de que amanhã podem haver vozes de um outro tempo". Além disso, leu um poema de produção própria em homenagem aos autores do livro".

Como fechamento da abertura do evento, o poeta Aislan Araújo leu um texto reflexivo sobre o encarceramento e a criação da palavra.

A partir de então, juntaram-se vários populares para a sessão de autógrafos, que se estendeu até as 17h. O livro teve distribuição gratuita durante o lançamento.