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Apenadas do Presídio Madre Pelletier realizam exposição a partir de oficina de poesia

Atividade é alusiva ao mês das mulheres

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A intervenção artística reúne histórias e sentimentos de mulheres privadas de liberdade - Foto: João Pedro Rodrigues/Ascom SSPS

Cerca de 20 mulheres privadas de liberdade do Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier se reuniram, nesta sexta-feira (14), para realizar a montagem de uma exposição de poesias. A intervenção artística, feita com lambe-lambes (forma de arte urbana feita com cartazes), ocorreu dentro dos muros da unidade, a partir de uma oficina de arte e poesia promovida durante esta semana pela Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativa (SSPS) em parceria com a Polícia Penal. 

A iniciativa foi conduzida pela artista transdisciplinar, Mana Bernardes, e financiada pelo Instituto Mari Johannpeter, e estimulou as apenadas a se conectar com as palavras. A mostra apresenta diferentes histórias de vida, poemas e frases assinadas pelas participantes e por Mana. 

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Débora Ferreira, servidora do Departamento de Políticas Penais da SSPS, explica que a ação foi idealizada em razão do mês da mulher. “As atividades promovidas aqui no Madre Pelletier funcionam como um projeto piloto, para possível expansão para outros presídios femininos e para os presídios mistos também”, salientou. 

O processo criativo teve início na segunda-feira (10/3), a partir da escrita de histórias e poesias. Após uma seleção do material que compõem os cartazes, as cores, fontes, ilustrações e palavras foram escolhidas pelas apenadas juntamente do designer gráfico Rey Silva. 

Nas paredes do Madre Pelletier, os lambe-lambes formaram um painel de sentimentos, que em breve serão espalhados por pontos de Porto Alegre e em museus brasileiros. Além disso, as mulheres privadas de liberdade receberam cinco cópias de suas produções. 

Ana* contribuiu para a exposição com sua história de vida, marcando a própria visão de mundo e a memória do pai com palavras. Ela participa de várias atividades oferecidas pela unidade prisional para se manter ativa, como projetos que estimulam a leitura e remição de pena por meio da escrita de resenhas.  

Escrever é um hábito para Ana, entre o trabalho na fábrica de bolsas dentro da unidade e sua rotina dentro da casa prisional. “Eu sempre escrevo, escrevo cartas para minha filha, para todo mundo da minha família. Alguém responde? Não responde. Mas eu escrevo, eu gosto de ler, de escrever, de me expressar na minha leitura, mesmo eu lendo um texto triste, eu gosto que seja alegre, porque eu gosto de passar uma positividade para as pessoas aqui, explicou.  

A oficina integra o novo projeto de Mana Bernardes “Presídio como arquétipo do aprisionamento feminino”, no qual a artista emprega a metodologia do movimento da caligrafia como partitura da emoção. Assim, durante os encontros, as mulheres puderam expressar seus sentimentos trancados e se conectar a partir da fala e escrita. “Vocês têm palavra dentro de vocês. Cada mulher que está aqui, cada pessoa que está aqui é um vocabulário, e a maior riqueza que a gente tem, como mulher principalmente, é o nosso vocabulário”, ressaltou. 

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Em agosto de 2024, a artista conduziu uma oficina sobre ser mulher na sociedade no presídio. Ana, que conhece o trabalho de Mana por seus livros, acredita que oportunidades de reconexão consigo mesma devem ser incentivadas e ampliadas. “Quando a gente tem esses diálogos com as pessoas de fora, querendo ouvir a gente sobre assuntos aleatórios é bem legal. Quando alguém nos dá essa oportunidade, a gente agarra com as duas mãos, e tem gente que precisa disso. Hoje, o tempo passou voando, por isso tem que trazer mais pessoas, e motivar quem não quer participar a saírem da sua zona de conforto”, relatou. 

Participaram da ação de abertura da oficina, a diretora da unidade, Suelen Teixeira, as servidoras Daiana Martil, do Departamento de Tratamento Penal da Polícia Penal, e Monique Lucero, da Assessoria Técnica da SSPS. 

* O nome da apenada foi alterado para preservar sua identidade. 

Texto: Vitória Garcia, sob supervisão de Jéssica Britto/Ascom SSPS

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