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Central de Alternativas Penais e Conselho da Comunidade são inaugurados em Porto Alegre

Os espaços estão localizados no saguão do Foro Central, no prédio I

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Secretário Viana e presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira
Secretário Viana e presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira - Foto: Judy Wroblewski/Ascom SSPS

Na última segunda-feira (10), a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS) e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), através do Departamento de Políticas Penais (DPP) e do Departamento de Tratamento Penal (DTP), realizaram a inauguração oficial da Central Integrada de Alternativas Penais (CIAP) de Porto Alegre. O evento contou com a colaboração do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Implementada no Rio Grande do Sul entre os anos de 2018 e 2020, nas comarcas de Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Pelotas e Porto Alegre, as CIAPs têm sido aliadas no processo de ressocialização. Isso porque elas possibilitam que apenados possam cumprir a sua pena de outra maneira, como através de uma medida de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC). 

Dessa forma, eles recebem apenas restrições de direitos, e não de liberdade, dispensando a necessidade de serem encaminhados para uma unidade prisional. O apenado se responsabiliza pelo crime de uma forma diferente, inserindo na sua rotina tarefas impostas pelo juizado e acompanhadas pela equipe multidisciplinar da CIAP.

Na ocasião, também foi realizada a instalação  do Conselho da Comunidade de Porto Alegre (CCPOA), que tem como objetivo dar apoio social e material para a população carcerária que se encontra nas casas prisionais da Capital. Os membros da entidade são responsáveis pela elaboração de visitas a estabelecimentos penais, apresentação de relatórios e obtenção de recursos materiais e humanos a essas instituições.

Durante o evento, o secretário da SSPS, Luiz Henrique Viana, destacou a importância do esforço de cada um para garantir às pessoas privadas de liberdade um novo tipo de cumprimento de pena, com mais mais dignidade ao ser humano. “Lamentavelmente, no sistema em que vivemos, muitas vezes nós não temos essa possibilidade devido à falta de condição econômica, de políticas públicas e também de dedicação. Fico muito feliz de ver que, aqui, temos colegas que dedicam a sua vida para encontrar formas de fazer com que essas pessoas que, muitas vezes, não tiveram oportunidades, ou as perderam, possam se ressocializar”, disse.

Em seu discurso, a presidente do TJRS, Iris Helena Medeiros Nogueira, destacou a satisfação em participar do ato de instalação das unidades, uma vez que a iniciativa "materializa o compromisso republicano dos Poderes Judiciário e Executivo em construir soluções conjuntas em benefício da sociedade". Afirmou ainda que cabe ao Judiciário a pacificação dos conflitos sociais e as garantias de direitos, e que o "cumprimento de pena deve ser pautado pela rígida relevância da igualdade e da dignidade da pessoa humana".

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ e coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF), Luís Geraldo Sant'Ana Lanfredi, também participou do evento. Na avaliação do magistrado, faltam oportunidades de ressocialização para as pessoas que passam pelo cárcere, uma vez que o sistema está focado no encarceramento. "Um serviço penal bem executado vai devolver a esperança e o sentimento de pertencimento", frisou, citando as CIAPs e os Conselho da Comunidade como "dois bons exemplos de formas de intervenção do Estado que devolvem segurança pública à sociedade".

Em seguida, o gestor da CIAP e juiz de direito Alexandre de Souza Costa Pacheco destacou ser gratificante ver instalada a Central em Porto Alegre. "Estou particularmente feliz com este acontecimento. A CIAP está em um dos eixos do programa Fazenda Justiça (do CNJ), que trata da proporcionalidade penal", afirmou. "Ela trata da agilidade de procedimentos, mas, muito mais do que isso, trata-se de repensar as penas que não têm servido aos seus principais objetivos. O sistema prisional está abarrotado, o que acaba gerando outros problemas ao longo do cumprimento da pena".

As atividades do CCPOA funcionaram na sala 110, enquanto as da CIAP Porto Alegre serão executadas na sala 111 do prédio I do Foro Central, com uma equipe própria do Estado (2 assistentes sociais e 2 psicólogas), que atuará sob a supervisão técnica do DTP da Susepe.

Parte do grupo já tem realizado o trabalho desde 2019, atuando em parceria com a equipe técnica da Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas da Capital. Desde novembro do ano passado, no entanto, quando a nova sala foi disponibilizada, a equipe completa já está atuando no local definitivo.

A juíza diretora do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, Alessandra Abrão Bertoluci, destacou que a direção se sente honrada em receber as unidades. Ela ainda ressaltou ser desejo de todos uma sociedade baseada na dignidade da pessoa humana.

Por fim, a presidente do CCPOA, Nilsa Teresinha Capiem de Figueiredo, celebrou a instalação das unidades. "É com grande alegria que estamos aqui. Houve um conjunto de esforços para chegarmos onde chegamos hoje. Já estamos trabalhando dentro das casas prisionais para que o preso possa se recuperar. O Estado, muitas vezes, está sobrecarregado e não consegue dar conta de tudo, e compete aos órgãos de execução auxiliares ajudar", destacou.

Também participaram da solenidade o secretário adjunto da SSPS, César Kurtz, a superintendente adjunta da Susepe, Deise Vergara, o secretário adjunto de Segurança da Capital, Gelson Luiz Guarda, a 3ª Vice-Presidente do TJRS, Lizete Andreis Sebben, o corregedor-geral da Justiça, Giovanni Conti, o juiz auxiliar da Presidência do CNJ, João Felipe Lopes, o procurador-geral de Justiça, Marcelo Lemos Dornelles, a representante da Defensoria Pública do Estado, Cíntia Luzzato, e o presidente do Fórum Interinstitucional Carcerário do RS, Sérgio Miguel Blattes. 

Além disso, estiveram na ocasião a coordenadora dos Juízes-Corregedores, Cristiane Hoppe, os juízes-corregedores coordenadores do GMF/RS, Antonio Carlos de Castro Neves Tavares e Luís Antônio de Abreu Johnson, o representante da Presidência da OAB/RS, Ivan Pareta Júnior, o presidente do Conselho Penitenciário do RS, Nilton Caldas, o diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação, Paulo Burmann, e a representante da Presidência da Associação dos Juízes do RS, Priscila Gomes Palmeiro, além de magistrados, magistradas, integrantes da comitiva do CNJ, servidores e servidoras. 

O evento faz parte de uma agenda de programações da comitiva do CNJ no Rio Grande do Sul nesta semana.

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